Livro mais vendido em Contos de Literatura e Ficção na Amazon

Sinopse: Em Olhos d’água Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida? Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”. Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.

Gosto de ver as palavras plenas de sentido ou carregadas de vazio dependuradas no varal da linha. Palavras caídas, apanhadas, surgidas, inventadas na corda bamba da vida.

Este livro já estava na minha lista de leitura pelo menos há um ano, e finalmente consegui embarcar nesta jornada, pois, foi exatamente assim que me senti a cada linha desbravada. Conceição Evaristo escreve de forma surreal o cotidiano de milhares de pessoas negras, mas com uma sensibilidade que nos atravessa de uma maneira única. A cada frase percorrida, mais nos aprofundamos em dores e amores. A complexidade do cotidiano, exposto de maneira visceral, dolorida, profunda. É necessário um certo preparo para a leitura. 

Olhos D'Água é uma coletânea de contos que mostra personagens marginalizados, mulheres negras esquecidas e invibilizadas, um retrato real e doído do povo negro e de sua história, cheia de resiliência, dor e beleza. 

O conto de Maria tocou minha alma, terminei de lê-lo aos prantos, precisei de uma pausa na leitura para me recuperar. Conceição Evaristo tem o poder de nos transportar a cada história, vivemos a dor, a angústia e o prazer, juntamente com os personagens, através de suas palavras. Impressiona sua fluidez e profundidade. 

"Escrever é uma maneira de sangrar".

Olhos D'Água é uma profunda visita a uma realidade dura, perversa, que em suas palavras cheias de força e dor, se tornam pura arte. A cada conto recebemos um golpe emocional, e em muitas pessoas pode gerar gatilhos, mas isto é a prova do quanto esta leitura é necessária e precisa. Uma narrativa sensível com um realismo que nos tira do chão, nos faz perder o ar. 

Nota: ♥♥♥♥♥ (de 5) 
Nome: Olhos D'água
Autora: Conceição Evaristo 
Editora: Pallas; 1ª edição (3 dezembro 2014)
Capa comum: 116 páginas
Genêro: Contos Literatura e Ficção
Literatura: Nacional


Sobre o Autor: Conceição Evaristo é escritora, ficcionista e ensaísta. Graduada em Letras com ênfase em Literatura pela UFRJ; mestre em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, doutora em Literatura Comparada pela UFF. Sua primeira publicação foi em 1990 na série Cadernos Negros do grupo Quilombhoje. Dos sete livros publicados, cinco foram traduzidos para inglês, francês, espanhol, árabe e eslovaco. Em 2015, Olhos d’água foi vencedor do Jabuti na categoria Contos e Crônicas. No Salão do Livro de Paris, lançou as obras Ponciá Vicêncio e Insubmissas lágrimas de mulheres pela editora Anacaona, e Poemas da recordação e outros movimentos em edição bilíngue (português/francês) e Olhos d’água em francês pela Editora Des Femmes. Foi condecorada com o Prêmio do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de sua obra; Prêmio Nicolás Guillén de Literatura pela Caribbean Philosophical Association; Prêmio Mestra das Periferias pelo Instituto Maria e João Aleixo; e homenageada com a Ocupação Conceição Evaristo pelo Itaú Cultural. Em 2019, teve três livros aprovados no PNLD Nacional; foi a escritora homenageada da Olimpíada de Língua Portuguesa pelo Itaú Social; e pelo Prêmio Jabuti como personalidade literária. Em 2022, tomou posse da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência, na USP. Conceição é mineira de Belo Horizonte e mãe de Ainá – sua especial menina.