Vermelho Monet estreia dia 09 de Maio nos cinemas 

Sinopse: Johannes Van Almeida é um pintor de mulheres sem aceitação no mercado; obsoleto. Com a visão deteriorada e à beira de um colapso nervoso, encontra em Florence Lizz - uma famosa atriz em crise e insegura na preparação para o seu filme mais desafiador - a inspiração para realizar sua obra prima. Antoinette Lefèvre é uma influente marchand/connoisseur de arte que fareja o valor de obras de arte quando histórias de inspiração viram obsessão entre pintores e modelos.

Vermelho Monet foi uma grata surpresa, não conhecia o trabalho do diretor, após terminar o filme, em uma pesquisa rápida, soube que seus trabalhos mais conhecidos são voltados ao humor, como “Cine Holliúdy” e “Os Parças, e realmente foi surpreendente saber disso depois de assistir a este drama cheio de sensibilidade e simbolismos. 

O filme tem uma estética maravilhosa, temos a impressão que todas as cenas foram pensadas para transmitir a arte das mais belas formas, definitivamente é uma bela fotografia. Não sou uma conhecedora de artes, mas as referências aos grandes pintores são um ponto muito interessante e bem explorado durante o filme, nos faz ter vontade de pesquisar sobre pinturas e a história da arte assim que o filme termina, trazer conhecimento é sempre um ponto alto quando se conta uma história. 

A trilha sonora é um espetáculo a parte, ela dá uma cadência maravilhosa a narrativa, e nos conecta ao mundo dos personagens, simplesmente fantástico a união da fotografia e da trilha sonora em cada cena. O diretor Halder Gomes nos presenteia com um filme poético, cheio de questionamentos sobre o amor, e nos entrega diálogos filosóficos encantadores e muito inteligentes. Pura arte! 


Chico Diaz está maravilhoso como o pintor Johannes Van Almeida, ele brilha em cena, é impossível tirar os olhos deste homem melancólico, bêbado, mas visivelmente cheio de talento desperdiçado. Nos afogamos com ele, e sua devoção a esposa doente. O filme fala de variadas formas de amor, e o deles é um que vivemos no presente e no passado, através das memórias antigas e as que ele cria em sua mente, essa divisão é bastante interessante, pois cria-se dúvidas sobre o que ele viveu ou está criando em seus colapsos. Vivemos com ele também a angústia de um homem que sempre viveu da arte, e que hoje não enxerga mais as cores, através de seus olhos vemos o mundo cinza, preto e branco. E quando surgem outras cores, essa mistura se torna sensacional. 

Maria Fernanda Cândido como Antoinett Léfèvre é outro espetáculo, é uma atriz que paira, flutua em cena, é uma delícia assisti-la com toda sua elegância, atitude e sensualidade. A personagem dela foi a que me trouxe mais questionamentos, e esse mistério em torno dos sentimentos que ela transborda é muito interessante. Em alguns momentos ela parece viver aquele amor, outros parece apenas usufruir de tudo que possa lhe favorecer, sem se importar em momento algum se vai ferir ou não quem está ao seu redor. Gosto de personagens incorretos, mostram uma realidade questionadora, principalmente quando são bem apresentados. Com certeza ela e Chico Diaz são os pontos altos do filme. 

Samantha Müller estreia no cinema com a personagem Florence Lizz, a musa inspiradora do pintor Johannes, e é um papel controverso para mim, em alguns momentos senti falta de profundidade, entretanto é nítido o quanto Samantha vai crescendo em cena, e no final nos transborda com intensidade e paixão. E realmente ela é uma pintura que vai ganhando vida conforme a história vai se desenhando. Definitivamente eu gostaria de ter visto mais do romance de Florence com Antoinett, química tinha de sobra.

Destaque para a atriz Gracinda Nave, que entregou cenas muito sensíveis apenas com sua presença e olhar. Sua personagem vivia em um mundo paralelo, mas entregou muita sensibilidade em todas as cenas que esteve presente. 

O ponto fraco de filme com certeza é o elenco de apoio, que mais parecia figuração. Faltou carisma e intenção com os personagens. Se torna estranho uma narrativa que não desenvolve quem está em cena de maneira que mostre o motivo deles realmente estarem ali, neste ponto faltou bastante. 

Vermelho Monet é um filme muito interessante, tem uma narrativa profunda e poética, e em alguns momentos até perde o ritmo, mas a trilha sonora nos traz de volta. A história nos faz refletir sobre o poder do amor, da ambição e como estes sentimentos se usados de maneira errada podem destruir vidas. 


Vermelho Monet é cheio de sensualidade, delicadeza, profundidade e sensibilidade, nos faz refletir sobre o amor e sobre nossa visão de mundo, em seu primeiro filme dramático, Halder Gomes consegue entregar o que se propõe de forma poética e cheia de simbolismos, tem alguns pontos fracos no desfecho, mas nada que tire a construção do que foi feito até chegar ali. Me surpreendeu. 

Nota: ♥♥♥

Nome: Vermelho Monet
Gênero: Drama, Nacional
Duração: 2h20min
Direção: Halder Gomes
Roteiro: Halder Gomes
Direção de Fotografia: Carina Sanginitto
Direção de Arte: Juliana Ribeiro
Trilha Sonora Original: Herlon Robson Braz