Sinopse: A tímida Fran (Daisy Ridley) vê sua vida transformada com a chegada de um novo colega de trabalho. Uma conexão inesperada surge entre eles, ela terá que se reinventar para, enfim, embarcar na aventura de viver.

O filme, dirigido por Rachel Lambert, é inspirado na peça “Killers”, de Kevin Armento, que assina o roteiro com Stefanie Abel Horowitz e Katy Wright-Mead. 

O longa inicia com uma fotografia bonita e reconfortante, e acredito que ela seja o contraponto das sensações desconfortáveis que são abordadas durante a trama. Gosto desta estética permeada de passado, e a diretora Rachel Lambert usa com bastante propriedade durante o filme todo. A narrativa inicial é detalhista para nos apresentar a introspectiva e complexa Fran, e justamente por isto, desde o começo é possível se conectar com a identidade da protagonista, torna-se fácil entender seus medos, anseio e dificuldades. Em várias cenas sentimos a mesma ansiedade e desconforto da personagem, e isto é possível através desse olhar detalhado da diretora em cada cena. 

Daisy Ridley está ótima em cena como Fran, mesmo com poucos diálogos nos faz entender sua complexidade. É desconfortante acompanhá-la em momentos que seriam normais, mas que para ela são pura tensão. Só relaxamos quando Fran está em casa sozinha, são os únicos momentos que a protagonista nos dá uma pausa em seu mundo tensionado. 


“Às Vezes Quero Sumir” tem como pano de fundo a convivência entre os funcionários de uma pequena empresa. São pessoas comuns, mas que com a dificuldade de interação da personagem central, torna-se impossível a conexão com eles, que acabam ficando desinteressantes, mesmo quando é nítido que na maioria das vezes o problema é a protagonista. 

A chegada do novo funcionário, Robert (Dave Merheje), traz uma leve mudança na narrativa, e traz um alívio na monotonia do filme. Vemos uma diferença na postura da personagem, e  vemos a inserção de mais diálogos, comuns, mas que trazem um novo ritmo ao filme. A rotina de Fran muda, assim que ela começa se interessar por Robert, e ao mesmo tempo que é uma aproximação tímida, a sensibilidade envolvida nos faz torcer para que algo mais aconteça entre eles. Entre mensagens no trabalho, um cinema, e jantares, os dois se relacionam de uma maneira ainda pouco profunda, mas é nítido que a única barreira entre eles é a própria Fran e suas inseguranças.


“Às Vezes Quero Sumir” aborda temas como solidão e dificuldade de conexão, mas peca em uma narrativa muito lenta que em vários momentos fica monótona e nos distancia do filme. Esse é o ponto mais complicado do longa, mas destaco como ponto positivo a sensibilidade para nos fazer sorrir com cenas simples e comuns, e nos conectar com emoções tão complexas como ansiedade e insegurança. 

Nota: ♥♥

Direção: Rachel Lambert
Roteiro: Stefanie Abel Horowitz, Kevin Armento e Katy Wright-Mead
Direção de fotografia: Dustin Lane
Direção de arte: Robert Brecko