ZONA DE EXCLUSÃO | ESTREIA AMANHÃ DRAMA DA PREMIADA DIRETORA AGNIESZKA HOLLAND

Nesta quinta-feira, dia 18 de abril, acontece a estreia do drama ZONA DE EXCLUSÃO (The Green Border | Zielona Granica), da premiada cineasta e roteirista Agnieszka Holland ("O Charlatão", "Rastros" e "Filhos da Guerra"), com distribuição da A2 Filmes.

O filme chegará nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Salvador.

Destaque nos principais festivais de cinema da América Latina, incluindo o de Cartagena, o filme foi vencedor dos prêmios Chicago International Film Festival 2023 (Audience Choice Award of Best International Feature/Prêmio do Público de Melhor Filme Internacional), Venice Film Festival 2023 (Prêmio Especial do Júri, Prêmio Arca CinemaGiovani de Melhor Filme e Prêmio CinemaSarà) e La Roche-sur-Yon International Film Festival 2023 (Prix du public), além de indicações em premiações como Venice Film Festival 2023 (Leão de Ouro de Melhor Filme), Valladolid International Film Festival 2023 (Prêmio Golden Spike de Melhor Filme) e European Film Awards 2023 (filme, diretora e roterista)

 

 

Depois de passar por diversos festivais, premiado drama chegará nesta quinta nos cinemas brasileiros

Sinopse: Depois de se mudar para Podlasie, na Polônia, a psicóloga Julia torna-se testemunha involuntária e participante de acontecimentos dramáticos na fronteira com Belarus. Consciente dos riscos e das consequências jurídicas, ela se junta a um grupo de ativistas que ajudam refugiados acampados nas florestas. Ao mesmo tempo, uma família síria que foge da guerra civil e o seu professor afegão, sem saberem que são instrumentos de uma fraude política, tentam chegar às fronteiras da União Europeia. Na Polônia, o destino irá uni-los a Julia e ao jovem guarda de fronteira Jan.

O filme se divide em 5 partes, e no final delas, todas se mostram conectadas de alguma forma. A estética em preto e branco traz uma tensão desconfortável desde as primeiras cenas, é como se ficássemos o tempo todo sob a mesma tensão que os personagens, esperando algo ruim acontecer. Essa alegoria usada pela diretora chama atenção a narrativa, e em momento algum da história a sensação incômoda se dilui. 

1. A Família 
É onde a trama começa nos introduzindo aos personagens centrais, mostrando de maneira sutil a barreira da linguagem, que mais adiante fica evidente em algumas cenas. Mesmo sabendo que o motivo da viagem dos personagens é a tensão de uma guerra civil, é possível ver no rosto e diálogos a esperança de uma vida melhor em meio a um conflito. Vemos jovens, adultos, idosos e crianças na busca de um lugar tranquilo para recomeçar. 

2. A Guarda Fronteira 
Aqui é que a sensação de incômodo devido a estética utilizada no filme dá lugar ao real sentimento. Vemos homens treinados para desumanizar pessoas, falas sem sentimento algum, de pessoas que deveriam ser um porto seguro para quem está perdendo as esperanças, para pessoas que não buscam nada além do que sobreviver e viver dignamente. Os diálogos são indigestos e nos preparam e dão indícios do que vamos ver à frente. 

"Elas não são pessoas, são balas vivas."

3. Os ativistas 
Depois de ver a desumanização dos refugiados das maneiras mais simples as mais brutas, temos um sensação de melhora quando surge a ativista Marta e seu grupo. Depois de toda a tensão antecedendo este momento, a narrativa aborda pela primeira vez, um sentimento de que algo bom pode acontecer, mesmo que seja longe do ideal do que gostaríamos que acontecesse. Neste ponto a diretora Agnieszka Holland é muito fiel a triste realidade dos refugiados. 


4. Julia 
Aqui temos a surpresa da história, Julia é uma personagem comum, psicóloga que perdeu o marido vítima da epidemia Covid 19. Atende seus pacientes de forma on-line e tem uma vida normal longe dos conflitos, até que a vida coloca diante dela a maior prova de tudo que estava acontecendo em uma floresta nas proximidades de sua casa. A família que é apresentada no começo do filme (na parte 1), acaba em um momento sendo separada. Nur, o filho mais velho do casal refugiado, durante uma confusão entre os guardas e os imigrantes acaba se separando dos pais, e segue  Lucia, uma das personagens que é apresentada no começo da trama se juntando à família. No meio da floresta, no escuro, e sem conhecer o local, os dois acabam caindo em um pântano próximo a casa de Julia, e após presenciar a tragédia e as falhas intencionais do governo, ela, mesmo consciente dos riscos e das consequências jurídicas, se junta ao grupo de ativistas. 

Julia já chega ao grupo com ele formado e bem estabilizado, mas ao discordar de algumas regras, ela se coloca em risco, e monta um novo grupo de ativistas para chegar onde o outro grupo claramente não chega, é neste momento que temos umas das cenas mais sensíveis e emocionantes do filme, quando ela resgata 3 jovens negros.

 

"Morrer mil vezes..." 
5. Epílogo 
Aqui, anos depois, temos um desfecho interessante. Após acompanharmos todo horror sofrido pelos refugiados na fronteira Polônia-Belarus, nos surpreendemos como isto agora é realizado na fronteira entre Polônia-Ucrânia, que é onde vemos o destino de alguns personagens.

"Durante as primeiras semanas da guerra na Ucrânia, a Polônia acolheu cerca de 2 milhões de refugiados ucranianos. Desde o início da crise de refugiados em 2014, cerca de 30.000 pessoas morreram atravessando várias fronteiras europeias, por mar, terra e em florestas. Enquanto escrevemos estas linhas, na primavera de 2023, pessoas continuam morrendo na fronteira entre a Polônia e Belarus." 

Zona de Exclusão é um filme que tem uma sensibilidade que dói e nos tira da zona de conforto. Nos mostra com uma certa sutileza ácida o que acontece diariamente com muitos refugiados, e nos faz perceber o quanto estamos confortáveis com uma realidade que jamais deveria ser normalizada, esquecida ou minimizada. A personagem Julia (Maja Ostaszewska) pode ser vista como qualquer um de nós, até ela realmente se deparar com todo horror de uma crise humanitária praticamente no pátio de sua casa. A estética sem cores, e a narrativa sem respiro, em certos momentos é cansativa, afinal são mais de duas horas de uma tensão que até nos momentos mais "leves" não nos deixa. O ponto fraco do filme são os personagens que não são diretamente ligados a zona de conflito, acabam tendo uma base muito fraca para nos deixar envolvidos, inclusive alguns são até do elenco principal. 

Nota: ♥♥♥

ZONA DE EXCLUSÃO

Alemanha – Bélgica – EUA – França – Polônia – República Checa – Turquia | 2023 | 147 min. | Drama

Título Original: The Green Border | Zielona Granica
Direção: Agnieszka Holland
Roteiro: Agnieszka Holland, Maciej Pisuk, Gabriela Lazarkiewicz
Elenco: Jalal Altawil, Maja Ostaszewska, Behi Djanati Atai, Tomasz Wlosok, Al Rashi Mohamad, Dalia Naous, Monika Frajczyk, Jasmina Polak, Michal Zielinski
Distribuição: A2 Filmes