O primeiro romance do jovem autor que se firmou como o principal nome do novo suspense brasileiro
Da editora: No primeiro romance de Raphael Montes, conhecemos a história de Alê e seus colegas, jovens da elite carioca encontrados mortos no porão do sítio de um deles em condições misteriosas que indicam que os nove amigos participaram de um perigoso e fatídico jogo de roleta russa.
Sinopse: Antes que o mundo pudesse sonhar com o terrível jogo da baleia azul, que leva jovens a tirar a própria vida, ou que a série de televisão 13 Reasons Why fosse lançada e se tornasse o sucesso que é hoje, Raphael Montes, então com 22 anos, já tratava do tema do suicídio entre jovens, com a ousadia que virou sua marca registrada. Em seu primeiro livro, que a Companhia das Letras agora relança acrescido de um novo capítulo, conhecemos a história de Alê e seus colegas, jovens da elite carioca encontrados mortos no porão do sítio de um deles em condições misteriosas que indicam que os nove amigos participaram de um perigoso e fatídico jogo de roleta russa. Aos que ficaram, resta tentar descobrir o que teria levado aqueles adolescentes, aparentemente felizes e privilegiados, a tirar a própria vida. Para isso, contamos com os escritos deixados por Alê, um narrador nada confiável.
Há mais famosos mortos do que vivos. A morte traz fama e reconhecimento. Quando eu morrer, vão querer saber o que aconteceu aqui, e meu trabalho será reconhecido... espero.
A narrativa é contada de três formas, através dos textos em primeira pessoa feitos pelo Alê, o livro narrando em tempo real os acontecimentos do fatídico dia, e a reunião das mães dos adolescentes mortos na delegacia. É muito interessante a forma com que o escritor nos leva a viajar entre estas três perspectivas, tentando juntamente com os personagens anteceder ou descobrir o que está acontecendo por trás do óbvio.
Raphael Montes tem uma coragem que assusta, ao decorrer do livro você se depara com assuntos pesados que são abordados sem pudor ou melindres, então ao abri-lo, tenha certeza que está preparado para ter contato com: suicídio, estupro, gordofobia, homofobia, tortura, assassinato e até mesmo necrofilia.
Aqui está o ser humano plenamente dotado de livre-arbítrio. Não há regras. Não há limites. O álcool e as drogas deixam as máscaras caírem, os verdadeiros rostos se revelam diante de um público também despido de normas. Racionais, mas, antes de tudo, animais.
Não é fácil desenvolver análises mais profunda sobre a trama sem acabar revelando algumas informações importantes e que não devem ser ditas para não estragar a leitura de quem ainda está lendo ou pretende ler, (spoilers, não são bem vindos, não é mesmo?) por isso tentarei ser o mais sucinta possível e não me alongar numa resenha tradicional. Não espere longos textões.
O que me impressiona na narrativa é a forma com que o autor nos entrega personagens em grande maioria repugnantes, na maior parte do tempo somos colocados a frente de pessoas sem empatia, controversas e egoístas, que nos fazem simplesmente não lamentar suas mortes e até mesmo avaliar de forma perigosa o que foi ou não merecido, é assustador quando nos percebemos tendo pensamentos tão sujos como os personagens. Esta maneira do Raphael Montes desafiar os leitores é brilhante na minha opinião.
Definitivamente o livro cumpre o seu papel, chocar e atordoar os leitores, e sendo o primeiro livro do autor, tenho ainda mais vontade de conhecer suas obras, e me animo em saber que seu livro de estreia já foi neste nível.
Como nem tudo são flores, obviamente o livro teria um ponto fraco, e com certeza foi o núcleo das mães, que achei cansativo e repetitivo em vários momentos. Talvez se diminuísse os capítulos com a presença delas, seria ainda mais fluído e nos daria uma dimensão melhor da história sem nos confundir.
Suicidas é um livro com uma narrativa bastante fluída, mas é importante frisar que não é um texto fácil de ser absorvido, é desconfortável, joga com nossas emoções e brinca com o poder de nos tirar da zona de conforto e assumir nossas fragilidades, até mesmo ver, e arrancar nossas máscaras.
SOBRE O AUTOR:
Raphael Montes nasceu em 1990, no Rio de Janeiro. Escritor e roteirista, publicou os romances Suicidas, Dias perfeitos, O vilarejo, Jantar secreto e Uma mulher no escuro, vencedor do Prêmio Jabuti 2020. Seus livros estão traduzidos em mais de 25 países e têm os direitos de adaptação vendidos para o teatro e o cinema. Escreveu os filmes Praça Paris, A menina que matou os pais e O menino que matou meus pais. É criador, roteirista-chefe e produtor-executivo de Bom dia, Verônica, série de sucesso na Netflix, vencedora do Prêmio APCA 2020 nas categorias melhor ator, melhor atriz e melhor dramaturgia.
Título original: Suicidas
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance Policial
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